segunda-feira, 7 de novembro de 2011

"Hoje o Samba Saiu": do privado ao nacional

Josemar Pereira
Lucas Antônio da Rosa
Maikel do Carmo
Rodrigo Rufino
Thiago Peres

Este trabalho pretende demonstrar, a partir da visão de Letícia Vidor de Souza Reis, como o samba tivera em seu desenvolvimento a eminência da cultura popular em um primeiro momento, sendo posteriormente cooptado como símbolo nacional. Para tanto, cabe salientar que nesta manifestação cultural somam-se diversos aspectos, sejam eles sociais, políticos e econômicos. A compreensão quanto ao desenvolvimento desta expressão cultural enquanto centrada no processo de consolidação da República é o epicentro deste trabalho. Para tanto, faz-se necessária o entendimento acerca dos espaços de sociabilização e trocas culturais entre os diversos segmentos sociais, no qual o elemento negro toma caráter central. Entretanto, não é intenção deste trabalho discutir e problematizar o conceito de cultura, o qual para nós em linhas gerais se resume em um processo de ressignificação constante dos hábitos, práticas e manifestações cotidianas as quais correspondem também a uma “troca” destes elementos entre os diversos segmentos sociais. Em outras palavras, como Carlo Ginzburg define a ideia de circularidade “(...)um relacionamento circular feito de influências recíprocas, que se movia de baixo pra cima, bem como de cima pra baixo”(Ginzburg)
O desenvolvimento urbano no início de século XX caracterizou o que fora chamado por Nicolau Sevcenko de os dois Rios de Janeiro, um sob o prisma da Regeneração e outro do “labirinto das malocas” refletiam quase que instintivamente sob o contexto da época no âmbito das relações sociais. A presença do elemento negro, nos espaços urbanos, causava em parte da população certa indignação, visto que ambos os segmentos desfrutavam dos mesmos espaços urbanos de sociabilização e vivência, que a partir do contraste gerado de ordem racial, espacial ou econômica faziam-se sentir nas diversas manifestações de cunho oficial, tais como festividades cívicas e religiosas, e populares, festas, batuques entre outros. Elementos do contraste social que, aos poucos, ainda que (as elites, ou melhor, parte dela) se quisessem estabelecer uma dinâmica dos centros urbanos própria sem a presença indesejada fundamentalmente dos grupos de herança africana, o que passava a se constituir cada vez de forma mais incisiva era a presença destes setores. O fato é que o país passava a engendrar-se na modernidade e com esta houve diversas modificações na produção e assimilação de cultura no cenário urbano. Neste ínterim começaram a se delinear diversas manifestações culturais, de diferentes setores sociais que galgavam seu espaço caracterizando a eminência de alguns gêneros e expressões musicais que neste processo passaram a se deslocar dos espaços privados e inserir-se gradativamente ao âmbito nacional.
Neste sentido, como propõe Ana Maria Kiefer, em se tratando do projeto de nação que se pretendia construir, ainda no século XIX, em confronto com o que de forma concreta passava a se configurar como expressão musical tipicamente brasileira,

“Esqueceram-se de olhar para o próprio quintal onde espontaneamente, nas mãos das classes menos favorecidas, violões, flautas, clarinetas e demais instrumentos que estivessem disponíveis continuavam a misturar modinhas, lundus, chulas, valsas, polcas e a tecer a comédia musical urbana.” (Kieffer, 2007, p.210)

Instituía-se, portanto, mesmo entre confronto das culturas erudita, na qual se projetava a ideia de nação, e  popular, o qual de forma quase natural constituíra-se o referencial de cultura popular identificado já no século XX como símbolo nacional. Ainda neste projeto de nação, forjado por instituições como Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB), cabe salientar a aparente ausência do elemento negro, nesta projeção, a qual não se configurou nas práticas cotidianas no espectro das relações sociais, em um tom quase comedioso. Portanto, compreende-se que o momento histórico vivido pela música popular brasileira de inícios do século XX era de indeterminação quanto à quantidade e profusão de ritmos e gêneros musicais os mais diversos, quer sejam nacionais ou internacionais, os quais disputavam a preferência do público ouvinte, mas que se faziam presentes no espaço social sem, no entanto, entrarem em oposição ou conflito uns em relação aos outros.
Desta feita, a autora nos alerta para não incorrermos no que ela denomina de anacronismo cultural, ao atribuirmos ao samba o símbolo de ícone representativo da nacionalidade brasileira por excelência, uma vez que, neste período, vários ritmos gozavam da simpatia e da apreciação do público.
Uma das grandes inovações do começo do século passado no Brasil se refere à introdução e difusão da gravação de discos, na qual a chamada Casa Édison, de matriz norte-americana, foi pioneira no ramo, se instalando no Rio de Janeiro por volta do ano de 1900. Desta feita, em 1916, tem-se a gravação de um samba de grande sucesso chamado “Pelo Telefone” que será um divisor de águas na música popular brasileira. O tema central do referido samba contribuiu para a grande repercussão do mesmo. A canção é uma espécie de sátira ao conluio entre um delegado da polícia e o jogo ilícito.
A autora dirá que é sintomático que a temática do primeiro samba a estourar nas paradas de sucesso seja justamente a revelação da cumplicidade entre a ordem e a desordem. Destarte, por este período há uma recorrente perseguição por parte da polícia aos lugares onde era tocado e cantado o samba. Entretanto, apesar da atuação policial ser marcada pela truculência, notamos uma “aproximação” de certo modo amistosa entre os sambistas e as autoridades policiais, haja vista ambos pertencerem, muitas vezes, às mesmas origens sociais.
Apesar disto, um depoimento do sambista Donga, no qual este relata um caso de uma brusca interrupção das, assim por ele chamadas, “festas íntimas”, deixa entrever como o espaço privado das classes populares era constantemente violado por ações arbitrárias da polícia.          
Pensando nestes espaços privados onde o samba era tocado e dançado, nos remetemos às casas das chamadas “tias” baianas, nas quais tinha lugar uma verdadeira interação entre camadas das elites, intelectuais ou governantes, e camadas populares, sendo frequentadas por grandes figuras da época. Nas palavras da autora:

“Desta maneira, na intimidade das casas das ‘tias’ baianas (sendo a mais afamada a da Ciata), os dois Rios de Janeiro (o ‘Rio da Regeneração’ e o ‘Rio das malocas’), separados no espaço, encontram-se num ambiente festivo, devocional ou não. Ali, mundos sociais distintos se interpenetram. Cidadãos pobres, como João da Baiana que, na qualidade de artista frequenta o palacete de Pinheiro Machado, adentram através de sua arte, e ainda que parcialmente, a privacidade do lar dos mais ricos (Sevcenko, 1998b: 544-45). Aí estabeleciam-se alianças e obtinham-se favores.” (pg 10).

As discussões em torno samba também envolveram questões acerca do seu “local de nascimento”. Dentro disso, baianos e cariocas geraram diversas querelas, cada um advogando para si a paternidade deste filho que foi ganhando influência com a evolução dos acontecimentos. As primeiras disputas aconteceram ainda na segunda década do século passado, sendo que o time dos cariocas foi representado pela figura de Sinhô e os baianos tiveram como paladinos Hilário Jovino Ferreira, Donga e João da Baiana. Esses debates ficaram mais acalorados quando os nomes supracitados resolveram utilizar o samba para criticar os seus adversários. A partir disso, várias marchinhas foram criadas para difamar a oposição, sendo que tantas outras surgiram com o escopo de replicar o que já havia sido exposto.
No que tange aos meios de propagação e difusão de sambas, artistas e músicos negros no início do século XX, tem importância fundamental os chamados “Teatros de Revista”. Esse meio de propagação em massa foi um dos maiores responsáveis pela popularização do teatro e música populares, uma vez que espetáculos teatrais detinham, além de um público bastante restrito as camadas mais abastadas da população, ainda sua execução e produção era hegemonizado por companhias teatrais estrangeiras, principalmente de origens francesa e italiana. Isso se devia ao fato que a elite brasileira ainda detinha no seu imaginário o padrão artístico da Europa Ocidental como referência no que tange a apreciação artística.
A maior divulgação da dramaturgia e música advindas das camadas subalternas da população gerou duas consequências principais: primeiro que a produção artística começou a dar ênfase em tipos sociais mais familiarizados com a realidade brasileira, principalmente os que surgiram após a recente urbanização do Rio de Janeiro, tais como a mulata, o capadócio (depois chamado malandro), o guarda, o funcionário público etc.; segundo que essa divulgação em massa popularizou, em outras camadas sociais, gêneros musicais vindos dos subúrbios cariocas como o samba, o maxixe e o lundu. Para se ter uma idéia dessa propagação da música popular nos decênios de 1910 e 1920 era lançada no período anterior ao carnaval uma considerável tiragem das chamadas “revistas carnavalescas”, que tinham o papel de auxiliar na difusão dos sambas a serem cantados e tocados no carnaval do ano em que a tiragem fora publicada.
Foi o teatro de revistas que lançou a primeira grande intérprete de sambas, Araci Cortes. A cantora, conhecida como a “Linda Flor”, demonstrava grande sensualidade com seu requebrado e sapateado, marcas da intérprete. Com isso, ela auxiliou na consolidação do tipo mulata dentro do samba brasileiro e, posteriormente, virou uma representação da brasilidade. Além disso, o tipo-mulata auxiliou a abordar outro tema muito comum nos centros urbanos: as relações afetivos sexuais interétnicas.
Com a concorrência do cinema e do rádio, o teatro de revistas foi perdendo força e mercado, sendo isso responsável pela perda de influência desse meio de difusão de informações.
No que se refere a grupos musicais que auxiliaram na propagação do samba, tanto no Brasil quanto no exterior, Os 8 Batutas - grupo formado em 1919 - tiveram grande importância como promotores da divulgação do samba. Sua simples composição, que contava com quatro negros, já foi motivo para que fossem realizadas várias contestações. Entretanto, o talento dos membros desse grupo lhe rendeu vários amigos, sendo que alguns deles pertenciam às classes mais abastadas da sociedade. Dessa forma, esses contatos puderam oferecer recursos financeiros à eles para que viagens pelo Brasil e pelo mundo pudessem ser feitas, como o intuito de divulgar a sua arte. Em uma dessas, os 8 Batutas foram parar em Paris, aumentando as altercações em território brasileiro acerca da questão de até que ponto eles poderiam ser considerados como representantes da música nacional. Como consequência houve um racha na opinião brasileira: alguns aceitavam que os 8 Batutas como representantes da música brasileira e outros não concordavam com isso.
O certo é que, com o passar do tempo, o samba foi ganhando cada vez mais e mais adeptos, talvez pela sua grande receptividade em vários círculos sociais, talvez pelas formas de protesto que eram inseridas nas canções. Com o fim da Primeira República e com a ascensão de Vargas, o samba será utilizado pelo governo para construir uma aproximação entre este e o povo. Assim, na esfera política-institucional houvera uma apropriação do samba, gênero musical tão comum entre as classes mais baixas, para mostrar sua proximidade e fidelidade para com a base da pirâmide social. Este gesto, somado a tantos outros, renderam ao governo do período a alcunha de “populista”.

Texto: REIS, L. V. de S. “O que o rei não viu”: música popular e nacionalidade no Rio de Janeiro da Primeira República. Estudos Afro-Asiáticos, 2003,vol. 25, nº2, pg 237-279.

Referências bibliográficas

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

KIEFFER, A. M. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Dominus, Editora da Universidade de São Paulo, 1965. Vol. 1.

12 comentários:

  1. Primeiramente, gostaria de afirmar que achei muito interessante o título: “Hoje o samba saiu”: do privado ao nacional. A analogia com a esta parte da música “Quem te viu, quem te vê”, de Chico Buarque de Hollanda, representa bem a idéia desenvolvida pela autora Letícia Vidor, de que o samba a princípio representava a eminência de uma cultura popular e, posteriormente, transformou-se em símbolo nacional, num momento de consolidação da república, dando ao negro um lugar antes não ocupado. Esta situação se deu num momento onde os diversos setores sociais, dentre eles os de africanos e seus descendentes buscavam espaço na sociedade, caracterizando o surgimento de expressões musicais que se transferiram de espaços privados, ou seja, manifestações culturais de grupos restritos que alcançaram destaque nacional, visto que o país buscava uma forma de “auto-afirmação”, ou seja, projeto para a construção de uma nação. É importante pensar que o texto de Kieffer, lido por nós em Brasil, demonstra a idéia de a busca pela formação de uma cultura nacional buscou, primeiramente, espelhar-se na cultura européia, propondo peças, e lembro-me bem de um exemplo pontuado no texto pela autora, de uma ópera italiana cantada por um indígena, mais ainda, para reforçar a idéia, a ópera de Carlos Gomes citada também pela autora, utilizada até como abertura do programa “A hora do Brasil” até dias atuais, sendo assim, a “comédia musical urbana” proposta pela autora estava vivamente acontecendo nos quintais, nas mãos de classes menos favorecidas, pelos lundus, muito mais do que as óperas, representando contrariamente os que propunham a introdução de uma música erudita que representasse o país.

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  2. Acho bastante interessante um trabalho que se dedica ao estudo das origens da cultura musical no Brasil, principalmente porque é difícil realizar um levantamento de fontes num momento anterior a popularização do Long Play (LP).
    Gostaria de deixar aqui uma pequena contribuição que encontrei a vasculhar sites de música pupular onde se pode baixar um conjunto de títulos chamado "A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores e Interpretes", onde encotramos não somente várias obras músicais, mas também raras entrevistas de consagrados nomes da nossa música popular do início ao fim do século XX, ai vai: http://umquetenha.org/uqt/?cat=1802
    Espero ter contribuido.
    Abraços.
    João Guilherme.

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  3. Neste artigo, a antropóloga Letícia Reis discorre, através da temática do samba carioca, sobre muitos aspectos interessantes, como, por exemplo, o desenvolvimento da indústria fonográfica no Brasil e a introdução do samba na incipiente cultura de massas. No entanto, a questão que mais me chamou atenção foi a ambivalência do samba durante as três primeiras décadas do século XX, a oscilação do samba entre sua aceitação e sua negação na sociedade carioca.
    Se por um lado, no espaço público a elite carioca - preocupada com a regeneração do Rio de Janeiro, com as reformas urbanísticas e com o olhar estrangeiro - rejeitou e repudiou a cultura negra, pois representava a barbárie, o passado colonial e uma cultura popular “sem estética e sem arte”, por outro, no espaço privado ela foi aceita e elogiada.
    Essa perspectiva ambivalente da elite intelectual e governante em relação à cultura negra é parte do dilema, desses mesmos homens, em incorporar o negro ao corpo político da Primeira República, em um momento onde as teorias raciais de origem européia, como, por exemplo, o darwinismo social, classificavam-no como raça biologicamente inferior, como selvagens e elementos de degeneração; valorizar os negros e suas manifestações, publicamente, significaria aceita-los como atores sociais.
    No entanto, apesar da negação explícita e, por vezes, proibições feitas às tradições de matriz africana, estas já faziam parte do cotidiano da sociedade carioca, pois, em razão da circularidade cultural (teoria utilizada por Carlo Ginzburg e por formulada por Mikhail Bakhtin) houve uma interação entre os elementos da cultura “erudita” e os elementos da cultura “popular”, interação que pode ser percebida desde os tempos da casa-grande, onde se desenvolveram os laços pessoais e, por vezes, afetivos, entre os senhores brancos e seus escravos negros no espaço privado.
    Por fim, a questão da oscilação entre elogio e repúdio das manifestações negras e, portanto, da circularidade cultural, também pode ser observada na Bahia, entre o final do século XIX e começo do século XX, onde a imprensa baiana(composta por membros da elite branca), pautada nas teorias raciais, perseguiu verbalmente e incitou a repressão policial aos Candomblés, pois estes representavam focos de degeneração moral e obstáculos à construção da civilização. Contudo, muitos jornais da época fazem menção à presença e participação de setores brancos, dessa mesma sociedade, nas casas de Candomblé.

    Jéssica Nunes - 4º História Diurno.

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  4. O mais interessante e curioso no artigo para mim são os dilemas apresentados pelo mesmo. Desde a busca de uma simbologia nacional para legitimação da Primeira República brasileira observamos como é contraditório e duvidoso a aceitação do Samba e do negro nesta sociedade. Ao mesmo tempo que no âmbito privado da sociedade, no início do século XX, o Samba e os contatos interétnicos são aceitáveis, na esfera pública são rejeitados. O que existe,para mim, é uma real disputa de interesses entre a elite brasileira e as camadas populares, interesses diferentes que não podem ser generalizados. A elite procurando legitimidade nacional e as camadas populares buscando espaço em um sociedade excludente. Nesta luta de interesses surgem os dilemas nacionais descritos, que até hoje são observados na sociedade brasileira.

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  5. Um aspecto interessante ao se pensar este texto, trabalhado pela autora, é a questão da modificação da relação de produção dos sambas com a chegada da indústria fonográfica no Brasil.

    Antes do mercado fonográfico não havia a preocupação com a autoria destes. Como bem exemplifica o texto: “o samba é como um passarinho: é de quem pegar”, relação que se altera posteriormente com a profissionalização do samba, conseqüência da entrada do mercado fonográfico no Brasil.

    Tomemos o exemplo que a autora nos apresenta: a composição da música “Pelo Telefone”, primeiro samba gravado, em 1916, que nasceu com intuito de ser um lançamento para o carnaval. Sua autoria é controversa, com a disputa de sambistas por sua “paternidade”. O que era antes produzido como expressão de cultura a ser festejado nas casas das tias baianas, agora passava a ser objeto que poderia possibilitar algum grau de status.

    Este samba causou repercussão não apenas pela questão autoral, mas também pelo tema central, que fazia uma sátira à cumplicidade entre um delegado de polícia e jogo ilícito – que deveria ser combatido pela primeira. Esta denúncia pode ser reportada à perseguição do samba, no qual, enquanto alguns policiais combatiam esta expressão artística, outros faziam “vistas grossas” às festividades, revelando traços de cumplicidade , reforçando a teoria da circularidade cultural.

    Dessa forma, notamos que a indústria fonográfica causou uma alteração na produção destes sambas, o que teve por conseqüência a profissionalização do samba, fazendo com que este perdesse um pouco sua aura de cultura produzida na simplicidade das casas das tias baianas.

    Amanda Cristina Stefan - 4º HD.

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  6. No curso o que mais me chamou à atenção foi estudar a formação das identidades nacionais e a participação do negro nesse momento. São inúmeras as manifestações culturais afro-brasileiras, mas é no samba- resultado da mistura de estilos africanos e brasilerios- que é possivel avaliar com as manifestações culturais dos escravos em seu cotidiano, alcançaram espaço no social e reconhecimento como ícone da identidade nacional. No texto a autora ressalta como itens culturais negros foram pouco a pouco sendo apresentados como nacionais, no qual o "samba de preto" passa a ser o "samba da minha terra".

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  7. Sobre este assunto é interessante notar como, ao longo do curso vimos as formas de manifestações dos negros na sociedade brasileira e como, apesar de possuir elementos próximos, também se distinguem tanto na forma de manifestação como no contexto. A questão do samba como algo que surge no período logo após a abolição é interessante principalmente no que diz respeito à forma que os negros encontraram para se divertir e, ao mesmo tempo, colocar em pauta as dificuldades que as camadas mais baixas sofriam no começo do século XX. o legal não é só analisar o lado cultural e de formação de uma identidade afro-brasileira mas perceber os elementos políticos que também estão presentes nesta manifestação artística.

    Paula Fernandes Henrique - 4° ano noturno

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  8. É válido ressaltar que foi o evolucionismo e o darwinismo social que impediram a incorporação do negro como agente político-social, sendo que, somente a partir da década de 30, quando o evlocionismo é realmente superado e substituído pelo culturalismo, que será feito uma novo pacto social, o qual determinou a miscigenação como uma singularidade nacional.
    Pode-se dizer, também, que dentro da produção cultural brasileira foram gerados certos ícones que evocam uma brasileidade identificada com as classes populares, como, por exemplo, a mulata, a favela e o maxixe. Entretanto, esses ícones ficaram restritos ao campo social e cultural, não sendo incorporados no campo político, uma vez que o acesso a essa instância estava vedada às camadas populares.

    Bárbara Mariani Polez 4º ano de História diurno

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  9. interessante como o samba foi importante para a solidificação do nacional durante a República, visto que, como expõe a autora, a República sempre procurou buscar elementos exteriores ao Brasil e elementos que não fizessem parte das classes populares. Diferentemente, a Monarquia tinha na figura de D. Pedro II, uma figura mais popular, se fazia presente em todos os segmentos sociais. A versatilidade que um samba podia apresentar, seja uma descrição da realidade de um grupo social, ou um protesto político, etc. e a participação das gravadoras, foram providenciais para que esse estilo musical fosse capaz de criar uma unidade em torno do sentimento nacional.

    Tadeu Medeiros - 4º HN

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  10. É pertinente salientar aqui, a dupla percepção que marca a sensibilidade estética de
    intelectuais, políticos, e demais elites brasileiras em relação às tradições culturais negras,
    no período de finais do século XIX até meados do XX. Sendo assim, por um lado tinha-se
    a repulsa e a negação destas manifestações culturais negras por parte de determinados
    segmentos das elites, que as apreendiam, sobretudo, pelo critério da falta, ou seja, seus ritmos
    e danças, artes, são atrasados, bárbaros, sem o brilho e a estética dos padrões artísticos e
    culturais europeus. Todavia, vemos já esboçar-se concomitantemente, um olhar de certo
    modo mais positivo sobre esta mesma cultura, pautado na apreciação de seu conteúdo e, mais
    tarde, numa apropriação e cooptação de determinadas manifestações culturais negras como
    símbolos destinados a representar a nacionalidade brasileira.!

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