sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A questão da mestiçagem e as Teorias Raciais: um debate sobre o Racismo no Brasil.

Camila Savegnago Martins
Laísa Gonçalves Aldeu de Almeida
Mariane Yume Franzin Nishi
Sarah Fortino Lasmar

No artigo em questão, Lilia K. Moritz Schwarcz nos mostra como a mestiçagem foi encarada nos diferentes períodos políticos do Brasil - Império, Primeira República e primeira metade do século XX -, demonstrando que o discurso fora pautado por teorias raciais que estavam em voga no mundo ocidental.
 Para explicar como o debate da questão racial foi se formando internamente, a autora desenvolve um panorama que vai desde a descoberta do Novo Mundo e o embate entre culturas que se deu a partir de então, mostrando mais uma vez que aquilo que não estava dentro dos padrões europeus era encarado como inferior, uma vez que, quando enfatizava a bestialidade do outro, o europeu se auto-afirmava.
Inicialmente, com a independência do Brasil, a incipiente Monarquia procurou formas e elementos que pudessem servir de características sob as quais a nova nação estaria fundamentada. Sendo assim, o tema racial girava em torno de um projeto nativista romântico, tendo o índio como o principal expoente da identidade nacional. Partindo deste ponto, a miscigenação entre os brancos portugueses e o nativo brasileiro foi tomada como uma espécie  de particularidade do Brasil; um ponto explicitado na obra produzida por von Martius para o concurso realizado pelo IHGB -“Como escrever a História do Brasil” – em que o português era tido como o “rio” principal ao qual os afluentes, como o índio, iam sendo absorvidos.
Schwarcz aponta que os intelectuais brasileiros fomentaram um enquadramento das idéias debatidas na Europa sobre questões raciais para a realidade brasileira. A Europa, sob o neo-colonialismo, com seus avanços técnicos e pautadas no progresso, tinham o seu modo de civilização como modelo ideal. A partir do surgimento de teorias como a de Darwin, a noção de evolução e a classificação dos homens, principalmente a partir do novo conceito de raça, em primitivos e desenvolvidos passa a ser recorrente. As raças seriam algo fixo e o entrecruzamento entre elas era considerado degenerativo; baseando-se nisso teóricos chamados “darwinistas sociais” condenam efetivamente a miscigenação.
Em meio à abolição e à proclamação da República, os teóricos brasileiros, principalmente por meio de instituições como as faculdades de Medicina e de Direito, de instituições histórico-geográficas, Museus passam a se respaldar nessas teorias, portanto, a partir do final do século XIX, novas idéias relacionadas à miscigenação passam a apresentá-la como algo prejudicial ao futuro da nação e que concretamente deveria ser combatida.
Em contrapartida, nas primeiras décadas do século XX, Gilberto Freyre aponta como um grande nome no cenário acadêmico e intelectual e, em sua obra, Casa Grande & Senzala (1930), nos mostra a mestiçagem como um fator de grande representatividade nacional através do “mito da democracia racial”. Freyre destaca positivamente a sociedade senhorial e a miscigenação nela imbuída, evidenciando assim, que a questão racial é fundamental para o nosso processo de formação e socialização e, dessa forma, arraiga-se na década de 30 a idéia positiva da mestiçagem.
A discussão da mestiçagem no Brasil é uma questão antiga e inacabada. É interessante salientar que ao longo dos anos, com a mudança de propostas políticas, a questão da mestiçagem foi deslocando-se e, nesse movimento as abordagens transferiram-se dos espaços acadêmicos para o cotidiano. Estamos inseridos em um ambiente onde a miscigenação é eleita como um dos pontos particulares da nação brasileira, porém, o que a autora argumenta quando trabalha com a questão do "racismo cordial", é o fato de que o preconceito acaba sendo velado,em outras palavras, a sociedade brasileira no discurso apresenta-se desligada de qualquer descriminação, porém subjetivamente o racismo ainda aparece.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Usos e abusos da mestiçagem e da raça no Brasil: uma história das teorias raciais em finais do século XIX. Afro-Ásia, 18, 1996.

17 comentários:

  1. É interessante notar como as teorias raciais foram utilizadas como uma “desculpa” ou “alternativa” à discussão da cidadania e incorporação do negro ao corpo político da Primeira República. Com a abolição da escravidão e a instauração do regime republicano, os indivíduos deveriam ser, teoricamente, iguais perante a lei. No entanto, envoltos por pensamentos construídos a partir das teorias raciais de origem europeia - que, a partir de 1870, foram aqui reinterpretadas e adaptadas - os intelectuais destacaram a impossibilidade da cidadania universal, pois as raças não eram iguais entre si. De acordo com o conjunto de teorias de cunho racial, existiam raças inferiores e superiores, raças civilizáveis e raças incivilizáveis. Estabelecida a “raça” negra como inferior, a miscigenação - até a década de 1930 - foi interpretada, de forma geral, como fator de degeneração da nação. Uma nação possuidora de uma intensa presença negra e, cada vez mais, permeada pela miscigenação, estava fadada ao fracasso. Até mesmo Nina Rodrigues, médico, antropólogo - autor da obra “Os Africanos no Brasil”, riquíssima fonte documental para a compreensão das últimas etnias africanas no Brasil e suas manifestações - e participante dos Candomblés, escreveu em 1888 um artigo que concluía que “os homens não nascem iguais” e, em 1894 publicou “As raças humanas e a responsabilidade penal”, onde se posicionou favorável à criação de dois códigos penais, um para os brancos e outro para os negros, de acordo com o grau de evolução de cada “raça”.
    Para quem tiver interesse na temática das teorias raciais no Brasil, indico o livro, também da antropóloga Lilia Schwarcz Moritz, “O espetáculo das raças - Cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.”, onde a autora discorre, entre outras questões, sobre as teorias de cunho racial europeias e de que maneira elas foram interpretadas e adaptadas à realidade brasileira, para justificar a inferioridade racial do negro e, no final do século XIX, negar sua participação no novo regime.


    Jéssica Nunes - 4º História Diurno.

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  2. Podemos estabelecer um paralelo deste texto com o anterior (REIS, Letícia Vidor de Sousa. "O que o rei não viu": música popular e nacionalidade no Rio de Janeiro da Primeira República. Estudos Afro-Asiáticos; volume 25, número 2, 2003, p. 237-279.), isto é, assim como o samba (elemento cultural que estava embuido de ambiguidade e dilemas, ou seja, aceito na esfera privada e rejeitado e perseguido na esfera pública), a miscigenação estava presente na sociedade e era reconhecida; porém, era vista de forma negativa e não aceita, especialmente no espaço público.

    Bárbara Mariani Polez 4º ano de História diruno

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  4. Achei bastante interessante a questão apontada pelo professor Marcos em sala de aula sobre o darwinismo social ser tido como regra entre os intelectuais da época. Com tantas questões relativas a homofobia e ao racismo em pauta tanto na acdemia como na mídia contêmporanea, nos soa até esquisito acreditar que a superioridade de uma raça sobre a outra era uma corrente científica quase inquestíonável por nossos ancestrais.
    Porém acredito que apesar de um direcionamento científico oposto ao que se pensa atualmente, esses documentos deixados por darwinistas sociais contribuem muito mais como fonte para que possamos contextar essas teorias do que como material para reafirma-las.

    João Guilherme - Diurno

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  5. Ressalto a ação dos intelectuais brasileiros no início do século XX até a década de 30, em que poetas ditos como "modernistas", em especial Mário de Andrade, defendia o aspecto singular do Brasil através das riquezas naturais, do vasto território composto por vários estados, sobretudo pela diversidade cultural inerente a essa nação.
    Através do conceito de diversidade brasileira, em seus aspectos gerais, Mário de Andrade propora legítimar a identidade de um povo, fundando o mito de uma nação que compôs a sua própria história, apesar das imposições dos modelos europeus no Brasil Colônia, porém, não deixa de explicitar os valores dessa terra e de seu povo que não estão totalmente condicionados aos fatores europeus.
    Assim, a questão de legitimar o Brasil através do conceito da "mestiçagem" não se pauta especificamente na adoção dessa abordagem de forma positiva pelos intelectuais da década de 30, como fora atribuído no texto, e sim de denotar o interesse de fundar o mito de uma nação singular, única universalmente e diversa internamente, em detrimento ao valores gerais europeus que não se pauta, obrigatoriamente, ao conceito de mestiçagem. Tal preceito se enquadra nas observações de Stuart Hall quando discorre sobre o período ditado como pós-modernidade, em que as nações, se apegam às suas tradições, aos valores culturais, míticos e religiosos para demarcarem sua nação e seu povo especificamente.

    Considerações - por Nícia Flávia

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  6. Gostaria de comentar uma passagem importante de um outro texto, complementar a este, em minha opinião, que enfoca transformação da idéia de raça no brasil.

    Nas palavras de Lilia K. Moritz Schwarcz

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    “(...) Entre o namoro com a diacronia por um lado e o apego à cultura por outro, a história se faz mais antropológica e cultural, e a antropologia encontra a história e dialoga com o contexto; com diferentes contextos.(...) No entanto, (...) ora sob o ângulo da história (...), ora sob a perspectiva da antropologia (...), o que se percebe é como, em ambos os casos, existe a tendência a transformar o "outro" em "um";

    Estamos, portanto, no pantanoso terreno que opõe estrutura e história (...) em vez de exclusivamente focar o processo de construção e desconstrução de sentidos, em sua referência ao contexto em que se insere, talvez o desafio seja insistir nas "persistências", no diálogo que a cultura trava e em como atravessa explicações apenas pontuais.

    Nesse sentido, a "fábula das três raças", (...) parece relevante para se pensar em como a assim chamada cultura nacional sempre se constituiu por meio de um processo de tradução, seleção, cópia, alteração e atualização.

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    É nesse sentido que a raça, no brasil, vira um racismo velado, transformação das nossas questões raciais em socias sem que a idéia de raça desapareça; se torne cultural. Perpassa pela idéia de que houve uma miscigenação de fato, mas todos os males se deve ao elemento sociais. Tanto que artur ramos, no prefácio de "as coletividades anormais" de Nina Rodrigues, o autor resignifica a obra do médico baiano, apto mais ortodoxo das idéias raciais de degeneração, em uma questão social. Mantendo mesmos preconceitos mas trocando raça por cultura e mestiçagem por aculturação. Mesma ideia apresentada no livro de Emilio Willems: a aculturação dos alemães no Brasil. Num momento que, assim como Sylvio Romero antes, havia uma preocupação com a nocividade dessas populações arianas no sul, mas não com a cultura, apenas, mas no sentido biológico de Raça. Pautado no Darwinismo socail.

    Assim que o tempo diacrônico e sincrõnico se encontram. Temos industrialização, nacionalismo varguista e um medo ao estrangeiro: o mestiço virou mulato.

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  7. ps: o texto de onde estrai o encerto é

    COMPLEXO DE ZE CARIOCA Notas sobre uma identidade mestiça e malandra. Revista Brasileira de Ciências Sociais. RBCS. nº 29

    Quem se interessar mais, eis aqui o resumo:
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    Complexo de Zé Carioca: Sobre uma certa ordem da mestiçagem e da malandragem
    Acostumados como estamos a indagar sobre um "pensamento dominado", que constitui uma extensão - uma má extensão - do "pensamento dominante", equacionamos a história das idéias no país a partir da angustiante noção de "cópia". O desafio, porém, é perguntar não pela cópia, mas antes pela originalidade da cópia, ou, em outros termos, indagar sobre um certo "olhar cultural" que, se não faz da nossa experiência um caso totalmente singular, tem a propriedade de chamar a atenção para uma certa especificidade, quase uma opção cultural. Nesse sentido, a representação da mestiçagem nacional, associada a uma certa idealização da malandragem, pode ser tomada de forma exemplar. Com efeito, diferentes gerações de intelectuais, mesmo partindo de premissas muitas vezes opostas, partilharam e ajudaram a construir uma imagem mestiça da nação. É esse o debate que une o projeto apresentado por von Martius ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro à "mestiçagem da alma" de S. Romero; ao "caráter cordial" temido por Sérgio Buarque de Holanda; e ao "amolecimento social" alardeado por Gilberto Freyre.

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    e o endereço para acessar

    http://www.anpocs.org.br/portal/content/view/111/54/#3

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  8. É interessante(esta é para você Sorrilha)destacar o possível paralelo entre este texto e do Flávio Antonio Pierucci "Ciladas da Diferença", pois ambos permitem trabalhar a diferença, porém Pierucci trabalha a questão de uma forma mais ampla através de um dualismo direita/esquerda e Schwarcz foca na questão da defesa da mestiçagem como símbolo nacional ser indicadora de um racismo velado, no caso do Brasil. De uma forma bem comprometedora podemos arriscar e afirmar que embora os dois textos sejam de construções textuais e conceituais distintas é possivel propor uma linha de raciocínio em que o racismo velado no Brasil, levantado por Schwarcz gerado ou facilitado pela transposição da discussão da mestiçagem do campo teórico acadêmico para o cotidiano pode ser entendido ou vinculado a construção que Pierucci faz sobre a diferença, pois este último afirma em primeiro lugar que a sociedade reflete o conservadorismo da direita que é calcado na diferença, ponto que liga-se com o racismo de Schawrcz que só é entendido pela lógica da autora se analisarmos através de um olhar da diferença, que a mestiçagem é a junção de três raças distintas em que cada uma contribuiu com uma parcela de características para a construção nacional e que a formação da idéia de mestiçagem sempre perpassou pela noção de hierarquização de raças e a hierarquização só é possível se olharmos a diferença e não a igualdade.Segundo, Pierucci aponta o conservadorismo de direita como já pertencente ao cotidiano, que ultrapassou o campo do político e Schwarcz apresenta um racismo transportado da teoria para o cotidiano , arraigado em nosso imaginário e, portanto podemos arriscar dizer que se unificarmos as duas idéias concluiremos que o racismo reproduzido no cotidiano e fortemente presente em nosso ambiente de Schwarcz pode ser reflexo da visão conservadora de direita embasada na diferença de nossa sociedade, discurso defendido por Pierucci.

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  10. Interessante notar como o racismo persiste marcadamente num país que, discursivamente, se declara como "um país de todos", um país que é o berço das misturas raciais, onde todos vivem em harmonia. Mas não só o racismo marca o Brasil, como também a exaltação da cultura estrangeira, em que tudo o que vem de fora (pessoas, objetos, música, cultura em geral) é melhor, enquanto o que é próprio do país costuma ser ignorado. E o que marca a cultura brasileira? Notoriamente os traços indígenas e afro-americanos! Talvez esta negligência da cultura brasileira esteja diretamente ligada ao preconceito racial cultuado no país. O negro, o índio e a cultura que deles herdamos só é valorizada por quem é de fora ou quando se está fora do país.
    Como notado no texto de Lília Schwarcz, parece que a nossa sina histórica é sempre ficar à margem da nossa própria história, da nossa própria raça e da nossa própria cultura, num eterno dilema entre nos aceitar ou nos repudiar. A exaltação da miscigenação e da cultura brasileira no curso da história é dúbia e paradoxal, portanto, nunca foi verdadeira e eficaz.

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  11. Interessante tomar como base as palavras da postagem acima da colega Ariane. De fato na sociedade brasileira podemos apontar uma certa "visão de colonizados". Podemos apontar que esta visão é uma herança histórica, um exemplo disso são as teorias raciais difundidas no Brasil ao longo do século XIX, nas quais intelectuais brasileiros (estudados na Europa)acreditavam no darwinismo social. Segundo eles, os europeus ocupavam uma posição de destaque em relação americanos e africanos.
    Francisco Barros

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  12. De modo geral, o texto de Schwarcz discute a dicotomia entre os termos igualdade e desigualdade, ou ainda a relação paradoxal que o discurso da “exaltação das diferenças” teve na formulação do chamado “preconceito velado” existente no Brasil.
    As diferentes linhas teóricas trabalharam, ao longo dos tempos, a questão das “diferenças” entre os Homens, trazendo proposições que perpassaram pela distinção e superioridade de uma “raça” sobre outra, à exaltação das diferenças por meio da “diversidade cultural”.
    O problema foi que a teoria NEM SEMPRE se aplica a prática, e nisso o Brasil é muito bom, diga-se de passagem. As teorias de supremacia racial deram respaldo e embasamento acadêmico a ações gritantes de preconceito e auto-afirmação de uma raça sobre outra, assim como a “mestiçagem” no Brasil foi vista como o símbolo de um país sem preconceitos onde negros índios e europeus viviam juntos e se respeitavam (lindos e unidos na floresta)... Enquanto isso, as diferenças eram cada vez mais reafirmadas e enfatizadas, trazendo um problema de cunho racial para o campo do social e principalmente cultural.
    Apesar do texto tratar outros pontos, é esse o que eu acho mais importante, porque é o que meche com o que vivemos e presenciamos todos os dias: “preconceito velado”
    “Não tenho preconceito, inclusive tenho um amigo negro” Essa fala que o Marcos usou pra elucidar a questão disse tudo. As teorias, as discussões acadêmicas, o processo histórico de branqueamento da população, a marginalização do negro após a escravidão, os discursos de inclusão e de igualdade social... Enfim, no fim das contas somos um país cheio de difernças e essas diferenças são sufocadas. Não é através do discurso da igualdade que se chega a uma solução para a desigualdade, pois ela existe, e é encoberta pelo preconceito de se ter preconceito (não lembro qual colega disse isso, mas é mesmo!!)
    O “politicamente correto”, o “ele não é preto é negro” , o “eu não sou racista tenho até uma amiga negra”... só mostra o qual hipócrita é nossa sociedade.

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  13. Eu queria ter visto mais dessa discussão na sala...
    Mas é como os colegas de sala já trataram, um país como nosso, com essa construção de pensamento, leva esse racismo impregnado em diversos setores e de diversas maneiras. Engraçado notar como uma discussão racial e de soberania resultou nisso e pensar que ela ainda não acabou, e que talvez não acabe, já que não existe um real interesse de se discutir isso e de propor alguma melhoria em relação a esse pensamento.

    Ana Carolina Robaina - noturno

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  14. A ideia de se pensar o país através da temática racial teve início de forma mais consistente com o indianismo durante o Romantismo do início do século XIX. Do mesmo modo, a tentativa de se construir uma identidade brasileira que abarcasse o país não era tão nova, iniciara-se oficialmente no começo do mesmo século, com a fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) em 1838. Baseava suas principais ideias na proposta de 1843, do alemão Karl Friedrich P. von Martius, que basicamente proponha que qualquer análise sobre a formação da nacionalidade brasileira deveria se basear na mistura das três raças aqui existentes: o branco, o negro e o indígena. A partir de então, e juntamente com os diversos autores que trabalharam este assunto, torna-se difícil pensar a identidade do brasileiro sem levar em consideração as discussões em torno da questão racial e de seus preconceitos. Um assunto complexo que leva a diversas questões, como a expressiva desvalorização da população nacional (negros e mestiços), em um momento da história brasileira em que o brasileiro fora identificado pelas características que lhe faltavam, principalmente se comparado as padrões europeus de fins do século XIX e início do XX, onde com o suporte das teorias raciais o europeu fora exaltado e privilegiado. Diante deste histórico, surge a tentativa de pensar a mestiçagem como solução das diferenças e preconceitos, porém o que vemos atualmente é que o preconceito racial ainda está infiltrado no cotidiano da sociedade brasileira, como um assunto considerado já bastante discutido, não merecendo a atenção devida, quando pelo contrário ele envolve questões que ainda merecem muitos estudos e novas abordagens.

    Andréa Manfredi da Costa - diurno

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  15. (Postado por Francisco de Assis Sabadini - diurno)

    O problema do “racismo cordial” abordado por Lilia Moritz Schwarcz é algo que está presente na sociedade brasileira e, no entanto, não aparece de forma clara. Assim como Pierucci identifica uma dificuldade em estudar a direita no Brasil em função da mancha da ditadura, o processo reverso acontece com a esquerda que levanta a bandeira de grande bastião da democracia e das minorias. Fica evidente a construção de duas imagens antagônicas e bastante segmentadas o que acaba prejudicando o debate sobre o racismo, pois este acaba sendo encoberto seja pelo silêncio no discurso ou pela fala acentuada exaltando as diferenças como a grande característica de um Brasil que, aparentemente, não tem necessidade de se preocupar com o racismo porque neste país ele já é algo inexistente.

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  16. A autorra vai mostrar como é concebida a idéia de mestiçagem,abordando diferentes períodos politicos do Brasil desde o Imperio até a primeira metade do século XX,através de teorias raciais pautadas no mundo ocidental.
    A partir da Descoberta do Novo Mundo e da fusão de culturas tão diferentes,Schwarcz mostra como o mestiço era visto como inferior.
    Com a Independencia e a necessidade de se contruir uma identidade nacional,o indio atraves de um projeto romantico foi idealizado como o principal fator por essa busca de uma nacionalidade.
    Através do IHGB,essa construção inicia-se,intelectuais brasileiros utilizam de ideias raciais europeias para introduzir no Brasil.
    Luis Fernando Cerri vai nos dizer que nas atitudes derivadas ou proximas do ideal positivista das ciencias sociais,nascem as teorias cientificas do racismo e do preconceito social,como as que conseguem encontrar relações entre a medida do cranio e a delinquencia de negros e mulatos,ou mesmo da algumas etnias causasianas.É tambem o caso do darwinismo social.Ou então na obra de Alfredo Ellis Jr.,em que a superioridade racial do paulista é dada pela ausencia do elemento negro nos seculos iniciais e a influencia das variações climaticas do planalto sobra as "Raças de Gigantes".
    O cruzamento de raças era visto como algo degenerativo,onde a teoria darwinista condenava a misciginação.
    A partir so século XX,em contraposição a estas ideias temos o advento de grandes intelectuais no cenario academico,como por exemplo,Gilberto Freyre,mostrando a misciginação como representavidade nacional.
    A questao racial está presente no Brasil desde suas origens e perpassa os dias atuais,o que a autora salienta é que o preconceito esta enraizado na sociedade,porém o discurso de descriminação ainda permanece subjetivo nas pessoas.

    Maiara Mano 4ºHistoria/noturno

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  17. Não esclareceu a minha pergunya,eu quero sabe quais foram as teorias raciais europeias no seculo XlX

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