segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O Candomblé no Brasil


Aline de Lourenço
Carolina Valli
Érica Pungi
Livia Cañas
Natália Finco

Dentre as religiões afro-brasileiras que estão presentes no Brasil, o Candomblé abrange um grande número de adeptos no país e sua origem se mostra muito mais complexa do que simplesmente uma religião “trazida” pelos escravos, pois o Candomblé é, acima de tudo, uma religião brasileira.
Sua formação passa pelo processo de adaptação dos escravos trazidos para o Brasil, no início da colonização, que inclui a busca por uma identidade em comum entre os escravizados, até a sua aparente adaptação ao catolicismo vigente no país.  
 No continente africano existia uma pluralidade muito grande no que se referia às fontes religiosas, devido a existência de tribos diferentes que possuíam credos diferenciados. De fato existia uma certa diretriz centralizadora, mas ainda assim cada tribo possuía particularidades religiosas. Por isso, ao serem trazidos para o Brasil, os africanos transportaram mais de uma religião para nosso país, que foi incorporada nesse processo de adaptação negra no Brasil. Se autodividindo em “nações” de caráter teológico, as religiões africanas foram transportadas para o nosso país de forma incompleta e desigual, fazendo com que, ao chegar desse lado do Atlântico, os escravos precisassem se reorganizar a fim de desenvolver um novo tipo de religião, baseado nos elementos que foram trazidos por eles, mas também incorporando novos aspectos que se apresentaram diante deles nessa nova realidade. O que se deve compreender é que esses inúmeros fatores religiosos e também políticos das religiões africanas foram modificando os aspectos da religiosidade dos negros escravizados e o contato iminente com a religião católica foi decisivo para a formação do candomblé como é conhecido atualmente.
Logo nos primeiros momentos que os africanos chegaram ao Brasil foram defrontados com os mandamentos do catolicismo, que no momento era a religião oficial brasileira, sendo oferecidos a eles na tentativa de humanizá-los, já que eram vistos como indivíduos inferiores. Diante dessa situação os africanos poderiam aderir ou não a essa religião, fazendo com que alguns se convertessem a ela e se tornassem tão devotos quanto os seus senhores brancos e outros incorporassem esses elementos católicos a essa religião afro-brasileira nascente. Essa incorporação poderia ocorrer, em alguns lugares, somente para camuflar o verdadeiro aspecto da religião africana - que desagradava seus senhores -,mas vivenciavam esse culto de forma completa, onde elementos católicos passaram a ser utilizados lado a lado com preceitos africanos devido a essa nova realidade que pedia uma utilização mais abrangente de novas instituições religiosas. Dessa forma é possível perceber que o catolicismo foi importante no que tange a aceitação da prática da religião afro-brasileira, quando as atividades e expressões dessa religiosidade se tornaram públicas.
Desse modo, o Candomblé é uma religião que se formou com o sincretismo de várias religiões africanas – resquícios de cultos diversos remanescentes dos vários povos africanos que eram trazidos para o Brasil -, e com as práticas católicas ao qual foram apresentados, culminando em uma religião que unia muitas culturas diferentes, com sua própria base espiritual e dando início as religiões afro-brasileiras.

9 comentários:

  1. Luis Nicolau Parés concebe, em suas pesquisas, a religião como práticas com o objetivo de ligar o mundo físico ao mundo espiritual. Já o ritual é considerado como uma estrutura que tem o objetivo de possibilitar essa ligação. Esta ideia de religião abrange a produção de amuletos, rituais de cura entre outras atividades. Tal abrangência se faz importante para a compreensão das religiões africanas, pois muitas dessas práticas têm um papel primário nessas religiões.
    Nos oratórios afro-brasileiros é possível notar a presença de muitos amuletos patuás e outros elementos da religiosidade africana mesclados com muitos símbolos do catolicismo. Observando estes oratórios é possível notar claramente a importância de elementos materiais na religiosidade africana.

    ResponderExcluir
  2. Apesar de todo o preconceito envolvendo as religiões africanas, sua difusão se fez de maneira abrangente. Mesmo com sua proibição e criminalização em determinadas épocas, o candomblé acaba por se tornar popular em diversas camadas sociais e perdurando por diversos séculos. E talvez devido ao processo de sincretismo religioso pelo qual passou, essa religião acaba sendo abarcada mesmo por pessoas de credos distintos. Não apenas uma religião, o candomblé é hoje, parte integrante da cultura brasileira.

    ResponderExcluir
  3. O Candomblé foi a religião que mais conservou as fontes do panteão africano, servindo como base para o assentamento das divindades que regeriam os aspectos religiosos da Umbanda.
    E os deuses do Candomblé têm origem nos ancestrais africanos divinizados há mais de cinco mil anos, com isto muitos acreditam que esses deuses eram capazes de manipular as forças naturais, por isso, cada orixá tem sua personalidade relacionada a um elemento da natureza. O candomblé é conhecido e praticado, não só no Brasil, como também em outras partes da América Latina onde ocorreu a escravidão negra, em seu culto, para cada Orixá há um toque, um tipo de canto, um ritmo, uma dança, um modo de oferenda, uma forma de incorporação, um local próprio que em seu redor são construídas casinholas para assentos dos santos, e uma saudação diferente e as suas reuniões são realizadas de acordo com certos preceitos.O Candomblé faz parte da cultura do povo brasileiro.

    ResponderExcluir
  4. É interessante notar nas nações do Candomblé a passagem das mesmas de nações no sentido Étnico para Nações no sentido Teológico. Sendo essa passagem, resultado da maior mistura entre os escravos das diversas nações, o momento fundamental para a organização do que hoje chamamos de Candomblé

    ResponderExcluir
  5. Antes de tudo, a forma abordada pelo texto que foi tratado pelos colegas coloca muito bem, a meu ver, o assunto Religiões Afro.Pois apesar de no Brasil se ter incutido em sua cultura não só uma idéia de religiões de origem africana primeiramente , como também a idéia de que todos os brasileiros conhecem de religiões de origem africana, o mais perigoso e mais corrente além tudo isso é que quando se fala nesse assunto, nesse caldo todo ainda vigora a equivocada idéia de que todas as religiões que tem uma relação com o continente africano (seja pela abordagem de quem a pratica ou pelo modo peculiar com que são praticadas) foram todas elas trazidas da África sem que houvesse nenhum processo de transposição.Pior ainda!É que além de terem sido trazidas formuladas, prontas e acabadas também foram essas instaladas no Brasil diretamente com todas as suas características sem nenhum tipo de adaptação ou mudança um aspecto que qualquer tipo de cultura fatalmente sofreria ao se deslocar. Tudo aquilo que poderia deixá-las por assim dizer com um formato mais brasileiro devido a vários fatores como: a cultura católica já presente no continente sul-americano ou ate mesmo próprio clima e outras peculiaridades materiais que infalivelmente têm de ser levadas em conta quando se faz uma abordagem de uma assunto como esse.Isso ao que parece não é “muito” levado em consideração.As religiões africanas, e tomando como exemplo o Candomblé aqui tratado pelos colegas, foram fruto de muito mais do que simplesmente uma instalação no Brasil!O sincretismo, o simbolismo, a idéia de uso dessa religião no momento de sua forja aqui no Brasil todas esses aspectos devem ser, obviamente, levados em toda consideração possível para não corramos o risco de continuar a colocar que: Umbanda , Candomblé,Quimbanda seja consideradas tudo a mesma coisa , o que é seguramente uma falácia sem tamanho que vai se perpetuando ao longo do tempo fazendo com que cada vez mais o preconceito tanto da religião e de quem a pratica só venha a aumentar por conta do desconhecimento que se tem em relação a essas religiões , que a meu ver todo mundo diz “conhecer.”

    Marco Antonio Teodoro de Souza
    4ºano de História Noturno

    ResponderExcluir
  6. É justo dizer que a Igreja católica influenciou o Candomblé no entanto a aceitação de seus cultos e festas não se viu facilitada por isso. Como exposto no texto pelas colegas, os escravos usaram muitas vezes as festas, os santos e ritos católicos a fim de esconderem a real intenção da exaltação de seus orixás e de sua religião em formação. O Candomblé, ainda hoje e visto de forma receosa, e pintado por vezes como religião demoníaca pelos próprios católicos que sem saber de sua origem, usam de expressões e crenças populares advindas do Candomblé. Esse mesmo Candomblé que é sincretismo, e mistura de tantas crenças e nações que em certos terreiros busca hoje o que chamam de "Candomblé puro", que seria o Candomblé sem influências locais ou de outras religiões, ignorando porém que o mesmo é fruto desse ecletismo e que não desceu em solo brasileiro pronto e imutável, mas foi sim se moldando, adaptando, e se criando como uma religião genuinamente americana, mas principalmente brasileira.

    Lays Maria - 4HN

    ResponderExcluir
  7. O autor também aponta que desde o início, quando o candomblé era calundu, e na atualidade a religião afro-brasileira eh marcada por diferenças, como podemos ver numa carta bastante citada de Martinho de Mello e Castro do século XVIII, fala-se das festas da Igreja do Rosário, Recife, onde “os pretos divididos em Nação e com instrumentos próprios de cada uma dançam”. Como acontece até hoje no Candomblé, as nações de dividiam e se diferenciavam por meio de diversos elementos rituais como língua, cantos, danças, e instrumentos, especialmente os tambores.

    ResponderExcluir
  8. Êpa Êpa Babá!

    É, no mínimo, curioso perceber como foi sintomática a imagem da antropofogia para a história cultural brasileira. O Candomblé, assim como a Umbanda e outras manifestações religiosas brasiafricanas ou afrileiras, nos mostram a confirmação do enunciando anterior. Mas o importante é também registrar como esse movimento, processo de formação dessa expressões religiosas, foi marcado pela camuflagem de elementos tradicionais africanos dentro do universo católico, o que confere-lhes um caráter de resistência, que paira por sobre essa manifestações; a força propositiva da instituição real e simbólica do catolicismo foi, de uma maneira contínua e estratégica, absorvida e entendida e penetrada. Os negros penetraram e "des"penetraram do mundo católico: no primeiro momento, adequam e encaixam suas tradições dentro desse universo, de maneira silenciosa mas persistente, para depois, se utilizaram essa experiência religiosa acumulada e formularam um novo sistema de crenças que, ao mesmo tempo fazia conviver internamente esse elementos católicos e africanos, forçou/força o convívio externamente, no ambiente público, levando as instituições do catolicismo ter de conviver com essa nova expressão que, à ela, de certo modo remete. Basta lembrar, a título de ilustração, o ritual de lavagem da escadaria da igreja de Nosso Senhor do Bonfim.

    ResponderExcluir