Pedro Contatto
Tarcísio de
Carvalho Sousa
Victor Harabura
Festas no Brasil colonial: a quem serve a festa?
Ela é um instrumento de dominação? Ou um instrumento de revolta? Ao analisarmos
em sala de aula os dois textos: Quem é o
rei do Congo? Um olhar sobre os reis africanos e afro-brasileiros no Brasil
da professora Elizabeth W. Kiddy; e texto de João José dos Reis, Batuque Negro: representação e permissão na
Bahia oitocentista. Percebemos que os estudiosos ao estudar e analisar os
documentos e o contexto das festas, hora acreditam que os batuques e as
coroações tem a conotação de preparação para a revolta (o rei do congo tem
potencial político, festas servem para trocar informações e combinar revoltas)
ou a festa é um mecanismo de controle social: escravo que se diverte é escravo
que não se rebela. Festas – antessala da revolta ou controle social.
Discurso de interpretação das festas por meio da
incitação do medo. Se eram ou não preparações para as revoltas, há o medo da
iminência das mesmas, ainda mais medo que as revoltas propriamente ditas. Na
medida em que as autoridades atacavam as festas, cada vez mais elas se tornavam
espaços de encontro de diversas camadas sociais (não mais restritas a negros e
escravos).
O apelo popular ultrapassava a vontade das
autoridades de acabar com as festas do rei do congo, já havia se formado uma
tradição entre as pessoas (exemplo Rio de Janeiro e Minas Gerais).
Há a percepção (texto da Elizabeth Kidd na análise
do Rei do Congo) de que o Rei do Congo não é apenas uma figura teatral, mas tem
também certo poder de influência política. Não eram festas que ocorriam de
maneira clandestina, embora houvesse a interpretação que elas poderiam acontecer
a fim de arquitetar uma revolta.
Havia a penalização do próprio Senhor, se caso
fosse notado um princípio de agitação ou revolta. Ou seja, o Senhor era
responsável pelo comportamento dos escravos e o andamento das festas, o que
consiste em mais uma evidência de que as festas eram de fato, consideradas
“legitimas”. Já que as autoridades não permitiriam que as festas acontecessem
se elas apresentassem de fato algum tipo de perigo.
Segundo Elizabeth
Kidd as festas do Rei do Congo não foram espaços de aculturação, pois elas eram
a representação da conversão do rei do Congo, que ocorreu na África no século
XV, simbolizando a vitória do cristianismo sobre o paganismo, que os negros aceitaram
a cultura europeia. Para Kidd as festas eram espaços de manifestação da cultura
centro-africana e os reis do Congo possuíam papel social. Porém, segundo João
José Reis, a ideia de uma revolta foi sempre algo superestimado.
Nas duas interpretações da festa (proibi-las ou
liberá-las) é inferido que a revolta poderia
acontecer, com isso as festas sempre tinham a conotação de medo, por parte das
autoridades, das revoltas, o que muda é a abordagem de como lidar com elas.
Porém, o que é sabido, é que as festas contribuíram para a formação de uma
cultura afro-brasileira.
Rainha Nzinga na festa da coroação do rei do Congo:
representa mais uma autoridade africana cuja história sugere a resistência e a conversão
forçada ao cristianismo. A presença da rainha é uma “metáfora” da resistência
da incorporação da cultura branca (Elizabeth Kidd).
Festa do Rei do Congo: representação da realidade
de escravidão na África. A celebração não remonta somente ao processo de
cristianização, mas mostra também o histórico de escravidão na África e a
tentativa de se retornar à cultura negra sem a influência cristã e branca.
Há um lugar comum em que ambos os autores abordados na aula discordam, para João José Reis as festas de batuques ocorriam como forma de resistência cultural dos escravos, diante de uma sociedade escravocrata repressora, e simbolizavam a força que essa cultura ainda tinha para os negros, mesmo que a as festas que iam sendo realizadas no recôncavo já não fossem "àquelas" que ocorriam no berço africano, com os mesmos identicos rituais e restrições. Já para a autora Elizabeth Kidd, o medo de revoltas que poderiam se dar a partir das manifestações das festas do Rei do Congo, não era fator superestimado pela sociedade branca e sim, um perigo iminente. O que nos leva a pensar nas fotes utilizadas para abordagem de tal tema, no caso de João José Reis ele usa de manchetes do jornal "Correio Mercantil", relatórios de Assembléias etc, não contando com algum documento mais claro para se entrever. Demonstrando como o assunto ainda pode e deve ser abordado pela história, para que sejam levantadas questões importantes, que ainda são desconhecidas por falta de estudiosos dispostos a se lançarem diante ao tema.
ResponderExcluirJennifer Mariano 4 História Noturno
Parece-me que as duas visões (de João José Reis e de Elizabeth Kidd) superestimam a utilização das festas de Rei do Congo como fator de resistência cultural. é bem provável que isso tenha ocorrido, mas jamais foi o sentido primordial da festividade. Nesse sentido, o receio das elites era descabido, pois a festa do Rei do Congo representa na verdade uma aculturação dos africanos e seus descendentes. Ocorre que o próprio sentido da festa é de capitulação ante à cultura cristã, e a dinâmica das festas deixa claro que seu objetivo é render homenagens aos santos da cristandade. Atualmente, o caráter de conciliação com as elites é ainda mais claro, pois os cantores dos grupos a todo momento, em seus versos, rendem homenagens aos políticos e autoridades de plantão presentes à festividade.
ResponderExcluirAs festa do rei do gongo provocavam um grande reboliço na cidade,uma vez que a festa do rei do gongo representava uma mistura de culturas dos africanos.A coroação do rei do Congo, acompanhado de um cortejo compassado, cavalgadas, levantamento de mastros e música.As festa do rei do gongo é um movimento cultural sincrético,um ritual que envolve danças, cantos, levantamentos de culturas africanas.
ResponderExcluirAs festas do Rei do Congo tem uma única faceta: fazer a cultura afro-brasileira. Era trazer um pouco do que foi deixado (forçadamente) para trás. Mostrava a realidade de um povo que foi tirado da sua terra e trazido para um ambiente hostil, porém certos traços da cultura é trazido e continuado aqui. O medo da elite de "combinar revoltas" nessas festas era invalido, pois era apenas uma forma de celebrar e cultivar a cultura afro aqui no Brasil.
ResponderExcluirO rei do Congo teria provavelmente uma faceta mais figurativa que de poder de fato, porém deve-se lembrar que quem era coroado eram indivíduos que se destacavam nessas redes de solidariedade negras e que, por vezes, poderiam realmente ter um poder de liderança que congregasse os escravos e que possivelmente desencadearia numa antessala da revolta social.
ResponderExcluirA análise deste evento nos faz lembrar então que cabe ao estudo um caráter mais específico, levando em consideração, por exemplo, cada região analisada, suas experiências e legislações para a festa. Este cuidado minucioso é primordial no trato com as fontes, a fim de enriquecer assim a tese e tratar de maneira mais complexa esta relação social e as interpretações que foram dadas à ela.
Marina Mª Soares Pontin - noturno
Pode ser que haja um equivoco de minha parte, mas há também que se considerar, além das especificidades regionais da festa do Rei do Congo, a origem de tal festejo pois no texto parece-me que ela é estudada apenas como um fato já constituído. Muitas vezes um traço histórico adquire muitas características ao se desenvolver no tempo e no espaço e o que no início poderia uma simples festa pode adquirir proporções sociais não imaginadas, como as citadas no texto. As festas do rei do congo são analisadas sob muitos aspectos tais como uma forma de rebelião, uma forma de resistência da cultura africana ou uma forma de dominação mas esqueceram de vê-la como uma festa, simplesmente.
ResponderExcluirJoão Paulo Bettini Bonadio 4HN
As manifestações culturais africanas que se estenderam para o continente americano, especialmente para o Brasil, influenciaram, significativamente, não apenas ritos e festividades específicas, mas também, e principalmente, os traços mais gerais e cotidianos do povo - como é tratado por diversos autores que se dedicaram a analisar as bases da formação social brasileira como Gilberto Freyre e suas considerações a respeito do papel da amas de leite na criação das crianças, por exemplo. Deste modo, a participação dos costumes e hábitos africanos estão além de simples e isolados aspectos, mas fazem parte (em conjunto com o indígena e com o europeu) do alicerce de formação do povo brasileiro e, justamente por isso, devem ser lembrados quando se trata de escravidão no Brasil. Mais do que simples servos de seu senhor, o escravo foi incorporado desde os primórdios da colonização no seio da famílias das casas-grandes e não possuíram papel menos importante com a ascensão das cidades. O negro é membro fundamental da constituição do povo brasileiro e deve ser lembrado como tal, não apenas como mero participante.
ResponderExcluirMe interessei bastante pela figura da Rainha Nzinga. Ela que reinou sobre o Congo (ou Ndongo)durante o século XVII, teve que lidar com a presença dos europeus, portugueses e holandeses, que tiveram que negociar com ela, ou enfrentar sua resistência à penetração em certas áreas de seu reino. Por vezes, os acordos de paz, ou mercantis que ela realizava com os europeus, provocava guerras com outros reis africanos que não aceitavam tal situação. Ela foi batizada com o nome de Ana, e aos 75 anos se casou pelo ritual católico,e segundo Luís Geraldo Silva, manifestou clara vontade de praticar o catolicismo. Não vejo nela um grande símbolo de resistência, talvez a vejam quando em alguns momentos ela foi contra a expansão dos europeus, mas a característica fundamental de seu reinado, a meu ver, foi o de aceitação dos europeus e de sua cultura.
ResponderExcluirPriscila Marques Cruz - 4º ano Noturno
As festas do Rei do Congo é a manifestação viva de um povo que sobrevive de sua cultura. Sabemos de algumas as nuances históricas que envolvem o negro no Brasil, deve-se respeitar a nossa cultura, e não abreviar somente as guerras por guerras, sangue e o racismo. Ampliar os horizontes, recriar as desiluzoes de ser Afro-descendente. E criar uma identidade? E como recriar as matizes históricas solidificadas? A cultura Africa é ampla, tem som, tem espiritualidade e acima de tudo é tingida pelos sonhos e não somente de Racismo e Sangue.
ResponderExcluirMarcos Paulo Rocha Fernandes
4ºAno- História